Bom, mas mesmo assim, aprendi que a monarquia só serve pra isso. Nas palavras de Paulo Napoleão pra explicar esse "condicionamento ideológico":
Desde os primeiros dias da República, os autores de livros didáticos para os cursos primário e secundário obedecendo a critérios oficiosos do Ministério da Educação, passaram a estampar o retrato de Pedro II com as longas barbas e o aspecto cansado dos seus últimos anos de vida, para associar à Monarquia a imagem de velhice, decrepitude e coisa antiga. Esses mesmos livros tratavam, e ainda hoje tratam de evidenciar as glórias da proclamação da República, o heroísmo de Deodoro e o idealismo dos seus companheiros, como se tivessem participado de uma feroz batalha em prol da liberdade. Paralelamente, os livros de contos infantis invariavelmente traziam estorinhas de reis e rainhas cobertos de jóias e de rendas, cuja única preocupação, nos intervalos de bailes suntuosos e banquetes pantagruélicos, era a de mandar cortar cabeças de súditos famintos e miseráveis.
Esse típico programa oficial de natureza ideológica, implementado durante algumas décadas, surtiu eleito. Os brasileiros esqueceram a monarquia, pelo menos aparentemente. Os únicos reis que passaram a contar foram os das cartas de baralho, com coroa, jóias, golas de renda e seda, e tudo o mais que a propaganda oficial sutilmente transformara em motivo caricatural. A lembrança do regime imperial ficou quase tão distante como o Descobrimento, ao mesmo passo em que se tornava quase de bom tom fazê-lo objeto de mofa. Sem que se soubesse, mesmo, porque fazê-lo.
Bom, mas isso é apenas um detalhe. Continuei aprendendo conforme essa prática. Na França, a monarquia caiu porque era dispendiosa. Seus monarcas só construiram castelos. Realmente, Versalhes é o maior exemplo disso, é a grandiosidade e Le Roi Soleil diante dos súditos franceses. O Rei de França e Navarra (seu título oficial), precisava demonstrar sua glória.
Outros seguiram o mesmo exemplo; até um castelo que inspirou contos de fadas, foram construídos. Luís II da Baviera, mistura de doido e fresco, resolveu construir inúmeros, mas nenhum ficou mais famoso do que aquele que serviu de inspiração para o "castelinho da Cinderela", da Disney.
Bom, depois de tudo isso. A avalancha das monarquias acontece, por volta das primeiras décadas do século passado. Vem o regime libertador, a República, aquela que moralizaria o segmento político da sociedade. Estágio final da evolução.
Bom, numa república, na América do Sul, com altos indíces de desigualdade social, uma pessoa resolveu ter o seu castelo. Ora, em tempos de monarquia, somente reis e nobres poderiam fazer seus castelos. Hoje, onde somos iguais pela força da lei, podemos sim ter os nossos.
E o melhor, com dinheiro público. O dinheiro do otário contribuibnte. Criaremos a "Companhia Pública de Castelos". O Brasil será feliz. Afinal, como disse Joãozinhob Trinta, "quem gosta de miséria é intelectual, pobre gosta de luxo".
Como vemos na foto, ele é fantástico! E ainda tem o que a maioria dos brasileiros desejam ter em casa: PISCINA!
Por isso que digo, também quero o meu castelo!
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